Catástrofes naturais como ciclones e tornados nunca foram motivo de grande apreensão no Brasil. Essa tranquilidade, porém, fica a cada ano mais longe e vai mostrando que não estamos tão imunes assim. No último dia 29, os porto-alegrenses viram isso de perto. Após ser atingida por uma intensa tempestade, com ventos que chegaram a quase 120 km/h, a capital gaúcha virou cenário de destruição. Milhares de árvores caídas, cerca de cem feridos, postes e estruturas caídas, falta de energia elétrica e de água.
Até agora, não tivemos uma classificação exata do que ocorreu. Alguns meteorologistas se referiram ao evento climático como sendo uma supercélula de tempestade – fenômeno que não é incomum, mas chamou a atenção pela forma e tempo de duração. Outros, não descartaram a hipótese de que tenha sido um tornado.
E esse tipo de fenômeno será cada vez mais uma preocupação a nível mundial. “Com o aumento da temperatura global, a frequência dos tornados, por exemplo, deve ser cada vez maior”, de acordo com o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia, Memedes Luiz Melo.
Segundo o previsor e pesquisador, a atenção a esses eventos deve ser constante e o trabalho nesse sentido, qualificado. “O que falta no Brasil é uma maior quantidade de estações meteorológicas convencionais e automáticas, além de mais radares meteorológicos, para que tenhamos uma maior escala de dados e seja possível alcançar uma maior precisão nas previsões meteorológicas, o que pode servir para amenizar os estragos causados por eventos catastróficos”, explica Melo.
No Fórum Econômico Mundial deste ano, realizado em Davos (Suíça), uma das questões debatidas foram as catástrofes causadas por mudanças climáticas, apontadas como a maior ameaça para a economia global em 2016, de acordo com um levantamento realizado por 750 especialistas. A avaliação de riscos apresentada no evento apenas confirmou o que, de longe, desconfiávamos: o aquecimento global tem motivos de sobra para causar tamanha preocupação entre os governantes.
Raios
Na população, a preocupação com tempestades intensas é visível, quando se percebem dados sobre os investimentos do brasileiro na proteção do lar contra fenômenos meteorológicos com alta quantidade de raios, por exemplo.
Segundo Jorge Demoliner, mestre em engenharia elétrica e diretor da empresa de tecnologia e inovação sustentável Exatron, a cada dia as pessoas têm procurado no mercado mais formas de proteger suas residências. E, para isso, conforme ele, não é preciso deixar os eletrônicos fora da tomada.
“Já existe no mercado tecnologia eficaz em proteger os aparelhos domésticos dos danos que podem ser provocados por esse tipo de evento, mesmo que eles estejam conectados à tomada todo do tempo”, afirma.
“Um surto elétrico promovido por um raio é um fenômeno muito rápido, algo em torno de 50uS – muitas vezes mais rápido do que um piscar de olhos. O que atinge a rede elétrica ou eletrônica de uma residência é um resquício do raio, uma ínfima parte da imensa energia que ele possui. Como hoje praticamente todos os eletrônicos possuem uma fonte de alimentação, que tem determinada tensão-limite, para proteger os equipamentos, a cada dia os dispositivo de proteção contra surto são mais procurados pelos brasileiros, já que esse tipo de aparelho pode limitar a tensão que será aplicada aos produtos, protegendo-os da queima provocada por surtos elétricos”, explica o especialista.
Quando fala em dispositivos de proteção contra surtos, Demoliner se refere a um tipo de equipamento monopolar, produzido pela Exatron, com tecnologia MOV (ZnO), capaz de limitar surtos elétricos em instalações de baixa tensão, provocados por descargas atmosféricas e manobras no sistema elétrico.
E investimentos desse tipo, ao que tudo indica, se mostrarão cada vez mais necessários. Atualmente, o Brasil é o país mais atingido por relâmpagos no mundo. São cerca de 60 milhões que caem em nosso território anualmente, ou seja, uma média de dois por segundo.